Se pudesses resumir o cerne do teu trabalho numa palavra seria qual?
Respondi: – Trauma.
O trauma tornou-se o meu húmus, refinou os meus dons, tornou-me mais humana e revelou-se, paradoxalmente, ser o que de mais valioso tenho a oferecer ao mundo.
Não só por ter sobrevivido a ele, mas por o ter resignificado depois de longas noites da alma, o trauma tornou-se a minha alquimia. A poção da minha própria medicina que um dia foi o meu veneno. De dentro para fora doou essa que foi e continua a ser a grande alquimia, a grande obra da vida: da dor ao dom, do trauma ao amor.
O trauma não reside no evento em si mas no modo como ele se armazena e perdura vivo no corpo e na psique. O trauma é o que nos separa de viver em estado de fluxo com a vida e distancia-nos da nossa essência e da nossa própria vida. Devora a nossa vitalidade, estilhaça a criatividade e a expressão livre. Ele é o que se esconde por trás de adições, depressões, relações disfuncionais e desequilíbrios psico somáticos.
Para reconectar com quem somos verdadeiramente, para integrar o nosso Ser e voltar ao fluxo da vida é preciso um espaço de ajuda e apoio seguro, confidencial e nutridor para olhar, acolher e trabalhar a nossa história. E libertarmos de vez das couraças emocionais, dos padrões repetitivos e limitantes, da obsessão pela não vida e a recusa da nossa própria Luz e poder pessoal.
Seja numa abordagem sistémica em diálogo com a ancestralidade, seja individualmente numa vertente psico corporal o trabalho com o trauma é essencial para a integração do Ser, para que possamos viver uma vida autêntica, livre e empoderada.
Como diz a canção: Abre-te coração. Abre-te memória antiga. Para chegar a Deus, à que primeiro aprender a ser humano.
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